Passageiro

Passageiro

Uma correria infernal no centro da cidade. Ninguém notava ninguém naquela colméia humana confusa, pessoas andando por todos os lados, esbarrando em crianças sendo puxadas pela mão pelas mães irritadas, camelôs dificultando a passagem com seu único meio de viver.

Um navio veio vindo pelo meio da rua, naquela cidade sem mar. Calmamente, deslizando pelo chão de concreto. Naturalmente os carros lhe davam passagem, e os motoristas nem olhavam para trás. A sombra monstruosa do navio escurecia toda a avenida de seis pistas. Alguns corriam para atravessá-la, antes que o navio fizesse com que eles perdessem cinco minutos do seu tempo, esperando ele passar.

Os passageiros do navio olhavam para baixo, reclusos temporariamente no navio gigante, fazendo comentários sobre os transeuntes e os carros minúsculos, prestes a serem atropelados pela força do navio.

Alguns passageiros do navio tentavam pular da embarcação, mas homens vestidos de verde-claro os impediam, com paciência, colocando-os sentados nas suas cadeiras brancas, de volta à sua reclusão temporária.

Cinco minutos depois, tudo voltou ao normal.

Mas era possível ver ao longe uma sombra enorme, aproximando-se lentamente, através da passagem que os carros lhe davam.

TS


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