Atravessou a rua correndo. Ia irritada, olhando para o chão.
Contida, entretanto. Não chutava pedras pelo caminho, nem falava sozinha. Andava rápido, embrulhos na mão direita, uma bolsa de correia longa no ombro esquerdo.
Achava que andava pensando demais, mas tudo o que ela fazia era pensar que pensava demais.
‘Dizem que, quando os problemas têm solução, não há de que se pensar tanto neles, portanto. E, se não houver solução para eles, pra quê se preocupar?’
Subiu a ladeira íngreme e olhou à sua frente. Estacionado do lado direito da rua, havia um daqueles carros de sorvete com um alto falante no teto.
A porta do carro estava entreaberta, o carro estava vazio. Olhou em volta e não viu sinal do dono do carro.
Entrou no carro, apanhou o microfone e gritou.
(Arte: Scream por Krista Davenport)
TS