Foi-se embora no mesmo dia em que me mudei. Saímos juntos acompanhando os sinos que soavam ao longe, indicando algum acontecimento festivo perto da estrada. Parei de sentir, naquele momento em que ela desvaneceu, soltou a minha mão e caiu suavemente no chão de concreto.
Achava que ela sabia dos seus percursos; sabia mais do que ninguém. E por isso, eu sei, ela mantinha em si uma tranquilidade de quem aceita os percalços e calmarias da vida sem pestanejar. Quando eu olhava os seus olhos, assistindo o vento acariciar as folhas de goiabeira, eu sabia que ela possuía um segredo que poucas pessoas tinham; era como se o vento fosse ela, e também a goiabeira. Isso fazia com que ela compreendesse, no sentido completo, mais simples e bonito que a palavra permite.
Talvez por isso eu tenha me sentido emudecer quando ela caiu. Por um momento, parecia que o meu amor estivesse indo embora também. Foi então que ela me sorriu. Disse-me com o olhar que eu era parte de tudo aquilo. Que amor não se leva embora nem se deixa aqui; ele continuava nela, na goiabeira, no vento. Ele continuava em mim.
TS