Eu insisto em histórias perdidas

Unfair

Perdão por ter-me tão súbito apaixonada
Corada, sadia, e então doente
Sinto muito por enxergar diferente
A proximidade que esta distância
Fez-me experimentar

Agarrei com alma estes seus destemperos convictos
De quem viveu a história crua da vida em meia idade
Antes tivesse matado o meu absurdo desnorteado
Tirado-me desse cruel circuito vicioso em que vivo
Este seu desejo e os ditos do seu lado tão paterno
Que eu estimei de espírito aberto
Nestas noites de torpor mais claro

Há duas cartas: ‘adeus’ e ‘até logo’
E eu não sei onde o girar da roda vai parar
Brinco na borda deste precipício tão criança
Que ainda criança me vê o seu olhar
E aquele discurso que você pedia que eu me fizesse
Bela autobiografia de fitas esvoaçantes
Com lindas cores, música, cheiros e sabores
Era apenas terna chuva caindo no mar

Era doce
Mas não era doce dentro de mim

“Verte o sangue!
Mas corta bem fundo
Onde você não quer mais sentir”

As histórias se perdem antes da metade
Antes mesmo da cena mais bonita
E eu insisto nas histórias perdidas
Porque não há mais nada para contar

Eu insisto em histórias perdidas
Não vou mais insistir em histórias perdidas

Todas essas histórias estão perdidas

TS


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