Já tiveram uma vontade arrebatadora de escrever, mas estavam com uma falta de vontade ainda maior?
Eu digo, psicologicamente havia a vontade de levantar da cama, vir até a sala, acender a luz, ligar o micro, esperar os três minutos até que o Windows resolvesse habilitar todos os programas, abrir o EditPad, olhar pra tela cinza e lembrar do que havia sido pensado na noite anterior e escrever tudo ali. Quantas ações e quanta complicação.
Passou tudo despercebido, na verdade. Eu estava a fim de escrever e abria o EditPad e escrevia umas linhas idiotas e logo a vontade física ia embora. Acho que na verdade ela nem existia. A vontade física tem vencido a psicológica. O Psicológico quer dar uma volta por aí, conhecer todas as pessoas e todos os mundos que existem por aqui, ouvir, falar, descobrir coisas úteis e inúteis, tocar algum instrumento que eu nunca toquei, rasgar todas as páginas perto de mim, quebrar as paredes, incendiar as ruas e… [Não, não quero virar marginal.] Mas o Físico parece olhar para a cara do Psicológico e dizer “Ei, se liga, cara. Tá pensando que você é o quê? Fica na sua e não me enche o saco que eu tô na boa.” É, isso que ele faz. Um depende do outro. Se um não quer, o que o outro pode fazer? Sentar e esperar? Na-na-ni-na-não [eu sempre odiei isso mas não vi outra expressão melhor].
Mas, enfim. [Opa, vim até aqui.] Mas não há nada pra falar. Melhor, eu queria mudar algumas coisas bobas no template. Como a frase lá em cima, que não faz muito sentido hoje. T-o-d-a-y. Mas o Blogger não está muito a fim de me deixar atualizar, tanto que apagou meu template. Minha sorte é que eu mantenho uma cópia aqui em casa. Sacaninhas. Não há nada que meu Psicológico ou meu Físico possam fazer. Nada. A não ser voar até os Estados Unidos, ir até o escritório do Google [que recentemente comprou o Blogger] e dizer que, se eu realmente quisesse usar os serviços do Blogger Brasil, eu estaria usando. Se não estou, é porque não quero. E não sei porque eles têm que ter algum problema com isso, porque eles deveriam saber que se todos os brasileiros deixassem o serviço deles, o Blogspot faliria.
Pensando bem, seria mais fácil jogar uma bomba no prédio. Porque não dependerei de burocracias, tipo “Quero falar com fulano de tal”, “Mas tem que marcar hora” e essas coisas. Uma bomba, nesse caso, seria o meio mais fácil. Mas meu Psicológico seria meio contra isso, embora às vezes pareça que ele quer se tornar um marginal.
Tive alguns sonhos estranhos essa noite, alguns envolviam escorpiões de cinqüenta centímetros, Peruíbe, Inglaterra, viagens malucas dentro de um navio todo de madeira, no melhor estilo navio-pirata; e um passeio de bote tentando alcançar o tal navio. Tinha me perdido dele não sei como, não sei se me atiraram no mar, ou se eu mesma fiz. E como o bote foi parar nas minhas mãos. Me perdi na Inglaterra, perdi a sessão do Matrix Reloaded que ia assistir lá, e não podia sair do hotel pra comprar um doce qualquer pra comer porque não era permitido. Não havia liberdade suficiente pra quem estivesse visitando o lugar. Estava tudo tão esmagado, pequeno, a gente nem podia se mexer. Acordei e estava num vazio. O quarto estava claro, claro demais. Ofuscando meus olhos e estava tudo vazio, não havia chão, nem janela, paredes, nem b. estava lá, o que é suficiente pra me deixar em pânico. Parecia que eu estava voando, de olhos abertos, num nada. Um verdadeiro NADA.
Enfim, o Psicológico quis mostrar a esse idiota do Físico que sem ele, o Físico não é nada. Que ele não passa de um monte de ossos e articulações que levam o corpo pra lá e pra cá, como uma marionete. Faz uma digestão malfeita de vez em quando, me deixa com dor de cabeça, faz meu joelho doer, meus ouvidos tamparem e minhas mãos ficarem geladas mesmo com três pares de luvas. Embora ele já tenha mostrado o seu valor, pois o Psicológico também precisa dele, ele está ficando muito folgado. E está vencendo a coisa toda. Mas o Psicológico está tentando.
Vamos lá, Psicológico. Estou torcendo por você.
TS