Alívio

Alívio (arte: print do video de World of Dreams, de Armen Hambar)

Ela poderia caminhar mais rápido, se quisesse. Mas as pernas não acompanhavam seu pensamento. Embora em situação de extremo terror, ela caminhava segura, sem tropeçar nem hesitar. Não olhava para os lados, olhava apenas para o chão e podia notar os movimentos por trás dela através das sombras que se estendiam à sua frente, produzidas com a ajuda dos postes de luz ao longo da rua molhada.

Abraçou-se, apertando a si mesma e tentando impedir que o tremor esfriasse o seu corpo, coberto com uma blusa fina.

De repente, seu coração se agitou, ela ouviu um grito fino ecoando nos ouvidos e desatou a correr, pisando em poças de água e tropeçando em buracos no chão, o grito acompanhando cada passo largo e desesperado que ela dava. Correu não sabe quanto tempo, com aquele som agudo perfurando os ouvidos e confundindo-lhe os sentidos. Parou de correr tão de repente quanto começou, vencida por um beco sem saída.

Encurralada, começou a esmurrar a parede de concreto, golpeando o muro, gritando exasperadamente como se um buraco fosse se abrir ali, na sua frente, dando-lhe passagem para a liberdade. Caiu no chão, sem força nem coragem suficientes para manter seu corpo, gelado. Em silêncio, percebeu que todo o barulho havia desaparecido.

Virou-se para trás e fitou o beco todo até a rua transversal ao lugar que estava, parte pouco iluminada entre dois postes de luz. Sentou-se encostada no canto criado pelo muro alto de concreto e pela parede do edifício ao lado.

Fechou os olhos e sorriu.

(Arte: print do video de World of Dreams, de Armen Hambar)

TS


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